Operação deflagrada nesta terça revela que organização criminosa responsável pelo envio de cargas de cocaína ao exterior pagou R$ 800 mil em propina a investigadores da Polícia Civil de São Paulo

Força-tarefa revela ligação de policiais civis com narcotraficantes — Foto: Divulgação

Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira revelou a participação de policiais civis de São Paulo num esquema de corrupção ativa e passiva e de lavagem de dinheiro, crimes praticados por narcotraficantes internacionais.

Durante as investigação, foi constatado que dois narcotraficantes, vinculados a uma organização criminosa responsável pelo envio de diversas cargas de cocaína ao exterior, principalmente à Europa, pagaram R$ 800 mil em propina a investigadores da Polícia Civil de São Paulo. O pagamento teve início em novembro de 2020, e seguiu com acertos mensais, de valores ainda não determinados, ao menos até o primeiro semestre de 2021.

Durante a deflagração, estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva nas cidades de São Paulo e Arujá.

A operação, batizada de Face Off, é uma ação conjunta da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco), em parceria com o Ministério Público de São Paulo e com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil.

Além dos mandados de busca e de prisão, foram decretadas ordens judiciais de sequestro de bens imóveis e veículos, assim como o bloqueio de valores em contas bancárias das pessoas físicas e jurídicas investigadas pelas práticas criminosas supracitadas.

Arquivamento


O pagamento da propina foi intermediada por advogados dos narcotraficantes. Depois dos acertos, houve o arquivamento de uma investigação que estava em curso no Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que apurava a atuação da organização criminosa no tráfico internacional de drogas.

No inquérito policial também é apurado o crime de lavagem de dinheiro cometido pelos narcotraficantes e pelos policiais civis investigados e pessoas a eles associadas.

A Justiça determinou o sequestro e bloqueio de valores em contas bancárias até o limite de R$ 15 milhões. Foi deferido ainda o sequestro de veículos pertencentes aos investigados, com valor aproximado de R$ 2,1 milhões, além de imóveis cujo valor de mercado está estimado em cerca de R$ 8 milhões.

A Ficco é composta pela Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo, Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo e Secretaria Nacional de Políticas Penais.

A SSP afirmou em nota que a Corregedoria da Polícia Civil acompanha a operação e que, "caso seja comprovado qualquer desvio de conduta de policiais civis, as medidas cabíveis serão tomadas".


Fonte: O GLOBO