Tarcísio não vê indícios de ação coordenada, diferentemente do que foi apontado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva


O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) — Foto: Bruno Rocha/Agencia Enquadrar

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, informou nesta segunda-feira a prisão de um terceiro suspeito pela realização de incêndios criminosos no estado. Em meio à onda de queimadas, dois homens já haviam sido presos nos municípios de São José do Rio Preto e Batatais, no domingo. A terceira apreensão, confirmada por ele em entrevista a GloboNews, teria ocorrido também neste final de semana na cidade de Porto Ferreira.

Segundo a GloboNews, o homem preso pela Polícia Militar em Batatais é um mecânico de 42 anos, encontrado após denúncia anônima. Foram apreendidos também um litro de gasolina, um isqueiro e um celular, onde a PM encontrou vídeos do criminoso comemorando os incêndios que atingem o estado. Ele deve ser encaminhado para o presídio de Franca. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública ainda não deu detalhes sobre as prisões.

Na manhã desta segunda-feira, a Defesa Civil informou que o estado não tem mais focos ativos de incêndio. Até o momento, o fogo atingiu mais de 34 mil hectares e 14 regiões do interior paulista, de acordo com dados do gabinete de crise do governo do estado.

Cerca de 68 pessoas foram vítimas dos incêndios florestais. Duas delas morreram. O estado chegou a ter 24 locais de queimadas simultâneas na manhã de sábado. Segundo o governo, 48 municípios ainda continuam em estado de alerta máximo para os incêndios.

Ação coordenada

Em entrevista nesta manhã, o governador reforçou que não reconhece que há indícios de ação coordenada em meia à onda de queimadas que assolam o estado. A posição de Tarcísio difere da apresentada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que caracterizou a situação como uma "guerra contra o fogo e a criminalidade".

Neste domingo, ela se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com funcionários do Ibama em Brasília para discutir e anunciar medidas para combater os incêndios no interior dos estados. Segundo ela, a Polícia Federal já abriu 31 inquéritos entre Amazônia e Pantanal, além de dois em São Paulo.

— Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo — disse.

Ainda em sua declaração, a ministra relembrou o "Dia do Fogo". Em 10 de agosto de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, produtores rurais da Região Norte do país teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar áreas da Amazônia. A data foi classificada por ambientalistas como momento-chave na história recente da região.

Dados do período apontam que a partir de 10 de agosto houve um aumento substancial no número de focos de incêndio em diversas cidades da Região Norte, principalmente no estado do Pará. À época, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou haver indícios de uma "ação orquestrada" para incendiar pontos da floresta.

— Do mesmo jeito que nós tivemos o 'dia do fogo', há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo — analisou a ministra.

A ministra reforçou que Lula criou há mais de dois meses uma sala de situação para monitorar o problema de estiagem e fogo. Também informou a decisão do presidente de participar de reunião na Casa Civil, com mais de 20 ministérios e governadores dos estados atingidos para tratar dos focos de incêndio.


Fonte: O GLOBO