Preocupação com cenário fiscal no Brasil preocupa investidores, que já veem espaço para elevação de juros no país

O dólar abriu em alta nesta sexta-feira e chegou a R$ 5,7926, mas cedeu após a divulgação de dados do mercado de trabalho americano abaixo do esperado. Por volta de 9h55, estava cotado a R$ 5,7446, mas ainda acima da cotação de fechamento da véspera, que foi de R$ 5,73, maior patamar em dois anos e meio.

O governo americano divulgou que foram abertas 114 mil vagas em julho, bem abaixo das 175 mil esperadas pelos analistas. Também houve revisão dos dados de junho, para abertura de 179 mil postos de trabalho. A primeira leitura indicada geração de mais de 200 mil empregos. A taxa de desemprego em julho subiu para 4,3%.

Os números mostram que o mercado de trabalho está menos aquecido do que se imaginava, o que reforça o cenário para início do corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em setembro.

Alguns investidores avaliam que o BC dos EUA já deveria ter iniciado a redução da taxa, que hoje está no intervalo de 5,25% e 5,5%.

No Brasil, o cenário fiscal é o que mais preocupa os investidores. No acumulado do ano, o dólar já subiu 15%, e o real apresenta o pior desempenho entre as principais moedas do mundo ante a divisa americana.

Analistas já avaliam que, diante do atual cenário, é possível uma elevação da Selic em setembro. A taxa está em 10,5% ao ano e foi mantida na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana.

Em entrevista à Bloomberg, o analista do Santander Marco Antonio Caruso, disse que se o câmbio chegar a R$ 5,75/R$ 5,80, isso forçaria o Banco Central a subir os juros.

Ações de tecnologia despencam nos EUA


No exterior, os índices futuros de ações nos EUA amanheceram no vermelho. S&P e Dow Jones têm queda superior a 1%, e a Bolsa de tecnologia Nasdaq recua mais de 2%, com dúvidas sobre a sustentabilidade dos investimentos das big techs em inteligência artificial.

As ações da Amazon caíam 8% no pré-mercado, com receio de investidores relacionado à alta de custos. As da Intel despencavam mais de 20%, após anúncio no dia anterior de que a empresa vai demitir 15 mil trabalhadores.

As principais bolsas na Europa também estão em baixa. Na Ásia, elas fecharam em queda, com destaque para Tóquio, que despencou 5,81%, após a alta nos juros do país nesta semana para o maior patamar desde dezembro de 2008. Hong Kong recuou 2,08% e Shenzhen cedeu 1,02%.


Fonte: O GLOBO