Um funcionário teria sido morto, diz jornal russo; incidente é o segundo deste tipo em quase dois meses


Prisão — Foto: Freepik

 Detentos russos tomaram agentes penitenciários como reféns nesta sexta-feira em uma colônia prisional na região sul de Volgogrado, cidade de Surovikino, cerca de 850 quilômetros ao sul de Moscou, informaram as autoridades. A ação teria deixado um funcionário morto, segundo agências de notícias e jornais russos citando o Serviço Penitenciário Federal.

“Os condenados tomaram como reféns os funcionários da instituição correcional (IK-19). Atualmente, estão sendo tomadas medidas para libertar os reféns. Há vítimas”, disse o serviço penitenciário federal da Rússia em um comunicado. A estrada para a instituição está bloqueada, segundo o canal de TV REN. Uma foto não verificada que circula no Telegram mostra supostamente os agressores de pé sobre um guarda prisional ensanguentado, informou o jornal The Moscow Times.

A ação teria ocorrido durante uma reunião de comissão disciplinar com pelo menos três detentos participando do ataque. Quatro pessoas teriam sido feitas reféns, segundo o Baza, que informa ainda que os agressores alegaram pertencer ao Estado Islâmico. A veracidade dessa informação, porém, ainda não foi confirmada.

Segundo o canal do Moscow Times no Telegram, há atualmente quatro terroristas na Colônia Correcional de Volgogrado. No total, são mais de 1.230 detentos. O Comitê Investigativo da Rússia, que informou sobre "vários prisioneiros envolvidos" abriu um processo criminal em conexão com o ataque desta sexta-feira, informou o jornal. A sentença pode chegar à prisão perpétua.

Os ataques aconteceram depois que combatentes do EI mataram 145 pessoas em uma sala de concertos em Moscou em março, no ataque terrorista mais mortal na Rússia em duas décadas.

Ataque similar em junho

O incidente desta sexta é o segundo desse tipo em uma prisão russa desde junho. Na ocasião, seis prisioneiros tomaram agentes penitenciários como reféns no Centro de Detenção Pré-julgamento na cidade de Rostov do Don. Um vídeo divulgado pelos agressores foi compartilhado em canais do Telegram, no qual eles se apresentavam como apoiadores do Estado Islâmico.

Desde a saída dos EUA do Afeganistão, onde o grupo concentra suas maiores forças, e do início da guerra na Ucrânia em 2022, os extremistas têm incitado seus apoiadores a realizarem ações contra os russos, e vinham demonstrando ter meios de atacar a Rússia. Em artigo de 2023 na revista Foreign Policy, os pesquisadores Lucas Webber, Riccardo Valle e Colin Clarke apontaram para o crescimento de um discurso anti-Rússia dentro da "filial' do ISIS no Afeganistão, conhecida como Estado Islâmico do Khorasan, ou ISIS-K. Um combustível para angariar apoio foi a lembrança da longa invasão militar soviética do país, entre 1979 e 1989, que deixou um legado sentido até os dias de hoje.

Durante a rebelião em junho, o prédio foi invadido por forças especiais e cinco agressores foram mortos. Um foi posteriormente condenado, informou o Moscow Times. Os reféns, por sua vez, foram libertados.


Fonte: O GLOBO