Recuperação do iene frente ao dólar e a piora nas perspectivas sobre a economia da China repercutem no mercado

 A bolsa paulista não mostrava um viés claro na abertura desta quarta-feira (24), em meio à queda dos futuros acionários nos Estados Unidos e do minério de ferro na China, mas alta dos preços do petróleo no exterior, enquanto Santander Brasil era destaque positivo após resultado trimestral acima do esperado.

Às 10h23, o Ibovespa cedia 0,08%, a 126.493,24 pontos. O contrato futuro do Ibovespa com vencimento mais curto, em 14 de agosto, subia 0,19%.

Já o dólar subia frente ao real, ampliando os ganhos da véspera e acima de R$ 5,60, à medida que quedas em commodities e a recuperação do iene prejudicam o apetite por moedas de mercados emergentes.

No mesmo horário, o dólar à vista subia 0,93%, a R$ 5,6354 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,82%, a R$ 5,637 na venda.

Na terça-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5875 reais na venda, em alta de 0,34%.

Contexto Internacional


Nesta semana, dois fatores têm gerado pressões sobre moedas emergentes: a recuperação do iene frente ao dólar e a piora nas perspectivas sobre a economia da China, o que prejudica a demanda por matérias-primas globalmente.

A moeda japonesa tem acumulado ganhos contra a divisa norte-americana em meio a suspeitas de intervenção cambial das autoridades e à especulação sobre se o Banco do Japão elevará os juros em sua reunião na próxima semana.

Um iene valorizado ante o dólar e a possibilidade de diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos levam investidores a reverterem operações de “carry trade”, quando tomam ativos em locais com juros baixos para rentabilizar em outros com juros mais altos. Isso provoca uma fuga de capitais de emergentes para sustentar essa reversão no mercado japonês.

O dólar tinha queda de 1,03% em relação ao iene, a 153,97.

Os ativos emergentes também estão sendo impactados por uma fraqueza dos preços de commodities, uma vez que pioraram as perspectivas econômicas na China, grande importadora de matérias-primas.

A queda de dois produtos em particular prejudica o Brasil. Os preços do petróleo seguem próximos às mínimas de seis semanas, enquanto os contratos futuros de minério de ferro atingiram o menor valor em mais de três meses na véspera.

“Na terça-feira e hoje também, nós observamos uma queda nos preços internacionais de commodities, em especial o petróleo e o minério de ferro, que são itens importantes da pauta exportadora brasileira. A queda desses preços de commodities prejudica o desempenho do real”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O dólar se fortalecia ante o peso mexicano, com alta de 1,1%, e avançava contra o peso chileno, em alta de 0,6%.

Também é destaque nesta sessão a diminuição do apetite por risco em outros ativos para além do mercado cambial, com investidores digerindo uma série de balanços corporativos decepcionantes.

“Esse começo da temporada de balanços nos Estados Unidos não tem sido muito bom e prejudica um pouco o otimismo dos investidores”, afirmou Mattos.

No cenário nacional

As atenções se voltam para o Banco Central, com palestra do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, às 10h, no evento Blockchain Rio 2024, no Rio de Janeiro.

O mercado também segue focado na trajetória das contas públicas brasileiras após anúncio por parte do governo de contenção de 15 bilhões de reais no Orçamento deste ano a fim de cumprir as exigências do arcabouço fiscal.

Fonte: CNN Brasil