Parceiro da atividade, MP destacou a importância da presença da força de trabalho negra em espaços de liderança

 Predominantemente presentes na base da pirâmide social brasileira, ocupando os mais precarizados postos de trabalho, mulheres negras assumem posições de liderança, cargos de influência e mando em caráter de exceção. Para discutir esta realidade é promovido nesta quinta-feira e sexta-feira (25 e 26/7), em Porto Velho, o evento “Mulheres Negras em Espaço de Poder”, atividade que celebra histórias de superação e reivindica equidade, igualdade de oportunidades e reparação para esse público.

O evento é organizado pela Secretaria de Assistência Social e da Família (Semasf), em parceria com o Ministério Público do Trabalho Rondônia e Acre (MPT-RO/AC), em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A atividade tem o apoio do Ministério Público de Rondônia (MPRO).

Presente no ato de abertura nesta quinta, a Promotora de Justiça Flávia Barbosa Shimizu Mazzini, Coordenadora de Planejamento e Gestão do MPRO e Presidente da Comissão de Gênero, Raça e Diversidade, no âmbito da Instituição, destacou a importância da presença da força de trabalho negra em espaços de liderança públicos e privados.

“ O Ministério Público, como defensor da sociedade, desempenha papel fundamental na promoção da igualdade racial e de gênero, fiscalizando cumprimento das leis, fomentando ações afirmativas, trabalhando da educação e conscientização, por meio de todas as Promotorias de Justiça. Assim, entende primordial que a mulher negra ocupe espaços de poder, minimizando as vulnerabilidades relacionadas à violência. Também, no âmbito administrativo, o Ministério Público promove a cultura de igualdade e respeito no ambiente laboral”, afirmou.




Programação

Nos dois dias de trabalho, a programação é composta por palestras e debates. Nesta quinta-feira, o evento contou com painel, formado pela Juíza do Estado do Piauí e escritora, Raíza Feitosa; da Procuradora do Trabalho MPT (DF/TO), Cecília Amália Cunha Santos; da Juíza Federal e Secretária-Geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Adriana Cruz; e da embaixadora de Barbados no Brasil, Tonika Sealy Thompson.

Em sua participação, Raíza Feitosa fez uma síntese do livro ‘Cadê a Juíza’, de sua autoria, em que relata experiências de magistradas negras no Poder Judiciário, um ambiente majoritariamente masculino e branco, conforme pesquisas. “O livro mostra o estranhamento à figura dessas mulheres nesses espaços. Por isso, é feita a pergunta que dá nome ao livro, em situações em que isso não era cabível. ‘Cadê a Juíza’, quando ela estava sentada na mesa e cadeira do magistrado”, disse a autora, acrescentando, haver, em contraponto, uma naturalização social da presença da força negra de trabalho em postos precarizados e subalternizados.

A fala foi reiterada pela Procuradora do Trabalho Cecília Amália Cunha Santos, que fez uma análise acerca da política de cotas em concursos do Sistema de Justiça. A palestrante classificou o modelo adotado no Brasil hoje como um enunciado de política afirmativa, que precisa ser aprimorada para que se torne, de fato, uma ferramenta de promoção de equidade. “Precisa ficar claro que a desigualdade a ser combatida é de oportunidades e não de qualidade ou capacidade”, sublinhou.

Parceiros


A atividade é realizada no auditório do Ministério Público do Trabalho - Rondônia e Acre (MPT/RO e AC) e tem como parceiros o Ministério Público de Rondônia (MPRO), por meio da Comissão de Gênero, Raça e Diversidade; o Comitê Interinstitucional de Gênero, Raça e Diversidade; a Escola da Magistratura de Rondônia (Emeron); a Defensoria Pública de Rondônia (DPE-RO); o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RO); o Instituto Federal de Rondônia (Ifro); e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi).


Fonte: Ministério Público